"O Opus Dei e a liberdade dos cristãos"

Entrevista ao Vigário Regional em Portugal. O Pe. José Rafael Espírito Santo aborda algumas questões surgidas recentemente nos meios de comunicação.

Pe. José Rafael Espírito Santo

O Opus Dei tem sido mencionado na actual polémica sobre as ligações da Maçonaria a alguns serviços e órgãos do Estado. Que comentário faz?

É um erro importante referir o Opus Dei a esse respeito. O Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica ao serviço das Igrejas locais e tem uma missão pastoral bem definida: ajudar a reforçar a identidade cristã no meio da agitação diária de trabalho (ou desemprego), do sustento próprio e dos filhos, vizinhança...

E também na vida política?

Em todas as actividades. E em todos os casos passa, por um lado, por cultivar a amizade com Deus, e, por outro lado, por respeitar os deveres próprios da profissão, que são deveres graves.

Está a referir-se à competência técnica?

Sim, mas também – e por cima disso – o respeito pela justiça e a caridade. A moral cristã é muito exigente quanto à lealdade profissional, o saber tratar das matérias de trabalho exclusivamente com as pessoas com quem se trabalha.

A única actividade exclusiva do Opus Dei é dar formação. No fundo, ajudar cada um a aprofundar no conhecimento e vivência do cristianismo (...)

Mas, apesar da grande diferença relativamente à Maçonaria, o dever de fraternidade cristã não leva a preferir pessoas que nos sejam próximas?

A caridade nunca pode ser pretexto para violar a justiça. As leis justas são para ser respeitadas. Além disso, uma relação genuína com Deus predispõe a abrir-se a todos. O oposto de formar um mundo à parte, ou fechar-se em pequenos grupos.

E como é que o Opus Dei leva a cabo a sua missão pastoral?

A única actividade exclusiva do Opus Dei é dar formação. No fundo, ajudar cada um a aprofundar no conhecimento e vivência do cristianismo, para depois agir responsavelmente e a título pessoal como cristão na sociedade.

Nos encontros de formação do Opus Dei trocam-se informações de carácter político ou profissional?

Não. É bom saber que qualquer interessado pode aceder à formação católica do Opus Dei. Basta contactar-nos. Essa formação é variada. Podem ser encontros de oração (como retiros anuais, recolecções mensais) ou sessões de apresentação do pensamento católico (aulas de teologia, catequese de adultos, cursos sobre o catecismo), ou acompanhamento pessoal de carácter espiritual. O conteúdo desses encontros é sempre, e só, de carácter religioso.

A acção do Opus Dei é, pois, uma expressão da Igreja Católica. Mas pode dizer-me se tem um grande peso na política?

Não tem. A força do cristianismo está centrada em Deus, e no grau de liberdade que damos a Deus. A força do cristianismo está sobretudo nos santos. Sempre foi contraproducente confiar noutras coisas. É por isso que até a pergunta, do ponto de vista cristão, é estranha.

Desculpe insistir, mas, por exemplo, qual o peso no parlamento?

Só um deputado é do Opus Dei, o Dr. Mota Amaral.

A ideia na opinião pública parece estar um pouco longe do quadro que acaba de traçar...

Temos de comunicar mais, e temos de comunicar melhor. Há muita gente a falar do Opus Dei sem, aparentemente, ter nenhum conhecimento directo. Ao mesmo tempo, isso também é uma oportunidade boa.

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Mais informação: a revista "Romana" (online www.romana.org) é a revista oficial da prelatura onde, entre outras coisas, se publicam os principais actos do prelado, várias notícias sobre o Opus Dei no mundo, as nomeações dos responsáveis da prelatura.

O Gabinete de Informação do Opus Dei na internet tem os sites www.opusdei.pt, www.pt.josemariaescriva.info ewww.pt.escrivaworks.org.