"A amizade de pessoa para pessoa é a mensagem para a nova evangelização"

E "este é o impulso missionário que a Obra pode trazer, essa amizade de pessoa para pessoa, a evangelização de cada um", disse o novo Prelado do Opus Dei numa entrevista recente.

S. Josemaria Escrivá fundou o Opus Dei em 1928. É uma prelatura pessoal de âmbito internacional, composta por um prelado, o clero próprio e leigos (homens e mulheres).

Mons. Fernando Ocáriz nasceu em Paris, em outubro de 1944, portanto tem 72 anos de idade. É filho de uma família espanhola no exílio na França pela Guerra Civil, é o mais novo de oito irmãos. Formado em Ciências Físicas e doutor em Teologia. Continua a jogar ténis, desporto que pratica desde a sua juventude. Escreveu vários livros de teologia e filosofia.

É vigário geral do Opus Dei desde 1994 e em 2014 foi nomeado vigário auxiliar da Prelatura. Acompanhou o anterior prelado, Mons. Javier Echevarría, nas suas visitas pastorais para mais de 70 nações ao longo dos últimos 22 anos.


Mons. Ocáriz tornou-se o primeiro Prelado do Opus Dei que por idade não foi
colaborador de S. Josemaria, isto é um salto, um desafio especial?

Novidade sim, salto não diria porque houve uma continuidade notável também pelo que fizeram os sucessores de S. Josemaria: transmitir tudo o que é o espírito, o carisma da Obra e Echevarría deixou as coisas muito claras. O desafio existe, o desafio é a fidelidade ao carisma com as mudanças dos tempos, das pessoas, isso é um desafio constante. A fidelidade é a essência, mas as circunstâncias mudam, os tempos, os problemas que surgem. Graças a Deus conto com muitos colaboradores e com bastante descentralização.

GRAÇAS A DEUS CONTO COM MUITOS COLABORADORES E EM CADA PAÍS HÁ MUITA AUTONOMIA

O carisma de S. Josemaría é um tesouro para embelezar o mundo, qual é o núcleo do carisma?

O núcleo é recordar a chamada universal à santidade e que Deus chama cada pessoa à felicidade completa. A santidade é a plena felicidade da união com Deus que só poderemos alcançar plenamente na outra vida. Mas não se trata apenas de que todos estão chamados, mas trata-se de uma universalidade objetiva, tudo é caminho para essa santidade: a vida quotidiana, o trabalho diário, as circunstâncias familiares - em tudo há oportunidade de união com Deus, encontro com essa felicidade que permite uma dedicação aos outros que embeleza o mundo à base de afeto, de fraternidade, de unidade.

TEMOS DE ESTAR ABERTOS A TODOS PARA LEVAR A MENSAGEM O SENHOR, DE CRISTO

O novo Prelado do Opus Dei marcou como “prioridade o trabalho pastoral e o anúncio missionário, que são inseparáveis, porque a Igreja, como a Obra, que é uma pequena parte da Igreja, é para o mundo, não para cuidar de si mesma. Temos de estar abertos a todos para levar a mensagem do Senhor, de Cristo. Claro, a questão teológica como atividade académica tenho que deixá-la de lado, mas sempre serve como base. A pastoral e doutrina são diferentes, mas estão unidas: se a doutrina não é transmitida no ministério pastoral não se sabe para onde vamos e a doutrina sem pastoral não serve para nada.

Conhecemos a realidade do Opus Dei em Espanha e na Europa, mas menos sobre a sua presença na Ásia e África.

Há trabalho estável do Opus Dei em 11-12 países da Ásia e 7 de África. A impressão é a beleza do encontro de culturas tão diversas. É bonito ver como o Evangelho se enxerta em culturas tão diferentes, de países como Singapura, o Japão ou o Quénia. É muito bonito ver como, conservando a sua própria identidade, coincidem no essencial do Evangelho. Uma unidade dentro da variedade de universalidade. Tudo o que Opus Dei faz é Igreja, o mais original é o impulso missionário da Obra, é a amizade de pessoa a pessoa, a evangelização de pessoa a pessoa. Algo que um documento da Doutrina da Fé destacava há alguns anos, a importância que tem o testemunho de pessoa a pessoa, da amizade, não uma amizade instrumentalizada, mas uma amizade verdadeira, isto é muito típico da Obra, ainda que se promovam muitíssimas iniciativas em todo mundo.

José Luis Restán

Rádio COPE (Espanha)