“Nos momentos atuais (…) uma profunda ignorância religiosa impera sobre milhões de almas, dentro e fora da Igreja. Talvez muitos se sintam ofendidos perante esta afirmação, que infelizmente é real. Filhos: nunca “olhemos de cima” para ninguém, porque, para além de que nessas ou em circunstâncias parecidas nos encontraríamos também nós se o Senhor não nos tivesse procurado, é evidente que cada um pode e deve aprofundar nas riquezas de Deus. Por isso és especialmente urgente que cuidemos a nossa formação pessoal e que nos lancemos numa sementeira abundante de doutrina em todos os ambientes.
(…) Agora, multidões de homens e mulheres debatem-se na dúvida, encontram-se imersos na ignorância, interrogam-se com angústia acerca do sentido e fim da sua existência, e esperam o alimento da Verdade, o único capaz de saciar as ânsias do seu coração.
(…) Jesus Cristo quer contar com a nossa colaboração nessa tarefa. Meditemos bem nestas palavras, porque nos obrigam a uma correspondência mais fina; de outro modo, estaríamos a responder ao Senhor que Ele quer, mas nós não queremos (cf. Caminho, n. 761). A cada um de nós dirige o mesmo mandato que deu aos Apóstolos, antes da multiplicação dos pães e dos peixes:dai-lhes vós de comer (Lc 9, 13). Ao escutar este encargo divino, não experimentais uma forte sacudidela interior? A fome de doutrina que aflige tantas pessoas, com quem vos encontrais diariamente em todas as partes, não nos pode ser indiferente. Peço a Jesus que todos (…) aumentemos o nosso sentido de responsabilidade, e que nos esforcemos para que rendam mais e melhor os talentos que Ele nos confiou, entre os quais se encontra a formação doutrinal-religiosa.
(…) Gostaria que cada um, num exame sincero, se interrogasse sobre a sua assistência aos meios de formação (…): se os recebe com pontualidade, se põe toda a atenção de que é capaz, se abre a sua alma à luz que o Senhor lhe oferece, se aumenta o seu interesse por secundar a graça que daí lhe vem…
(…) Uma das manifestações desse sentido de responsabilidade, sobretudo nas temporadas de descanso ou de férias, concretiza-se em melhorar a formação cultural e religiosa mediante a leitura, pedindo a ajuda necessária para ler livros realmente úteis, sem perder o tempo com leituras anódinas ou frívolas, ou – o que seria mais grave – com livros que possam causar danos à alma.” (Carta, 1-VII-1989, III, n. 31-33)