Preparar o Natal em família

Geneviève Frémont é supranumerária do Opus Dei. Mãe de 7 filhos, com idades entre 10 e 24 anos, explica-nos como prepara o Advento com a sua família, para que seja um tempo de festa e de oração

O Advento é um tempo forte na vida dos cristãos. Como o vive?

Geneviève Frémont

O Advento surpreende-me sempre. Penso: Oh, já?! Porque não é um tempo de espera passiva mas um tempo de se pôr a caminho. O Advento é o tempo do desejo, um desejo sempre maior e mais profundo de preparar dentro de nós um lugar para Deus. Faço isso de modo muito simples e normal, rezando mais para fazer a lida da casa no interior de mim própria e me esvaziar …de mim !

Em que é que o facto de pertencer ao Opus Dei alterou o seu modo de viver este tempo litúrgico ?

Aparentemente nada mudou, mas na essência sim. A formação, o acompanhamento espiritual que no Opus Dei são regularmente propostos, bem como o recurso à confissão, fazem que tudo ocupe o seu verdadeiro lugar, a sua verdadeira dimensão, a sua densidade.

Antes, tentava melhorar pessoalmente para me apresentar «potável» diante de Deus. É cansativo, ilusório, e finalmente anda-se sempre à volta de si próprio. Hoje, o que me interessa é tentar viver o mais possível com Jesus e por Ele.

Isso tem repercussões na vida da família ? Oração com os filhos, calendários do Advento…

Durante o ano, rezamos todas as noites em família. Mas, algumas vezes, é francamente atabalhoado; acontece mesmo que se chegue a ter pequenas discussões durante a oração…

Durante o tempo do Advento, tentamos fazer uma oração mais bela. O enquadramento ajuda: calendários do Advento, preparação do céu de Belém, colando uma estrelinha após cada esforço, cânticos do Advento. Por vezes, tiramos à sorte um papel para ser, no dia seguinte, «o amigo secreto» de uma outra pessoa e tornar-lhe a vida mais bela.

No Domingo à noite, é a festa: acrescenta-se uma vela à coroa do Advento e eu preparo um jantar à luz das velas com bolos especiais (receita alemã) e chocolate quente !

Há uma coisa da qual nunca nos esquecemos: é irmos confessar-nos antes do Natal.

Procura que os seus filhos vivam aquilo que você própria vive ?

Acho que transmitir é bem difícil; as mensagens são recebidas de modo diferente de acordo com a personalidade de cada criança.

A ideia de fundo é que quanto melhor tenhamos preparado melhor o nosso coração, mais o Natal será uma linda festa porque poderemos verdadeiramente acolher Jesus. Preparar o coração é discutir menos, não criticar, não voltar a servir-se dez vezes ao lanche, prestar um serviço sem regatear… Tento fazer passar tudo isto com pequenas pinceladas, sugerir sem nunca impor.

Aos mais velhos, pode-se-lhes propor uma vida de piedade mais séria (Missa durante a semana, palestras, retiro, confissão). As paróquias propõem cada vez mais coisas ; é preciso animar os nossos filhos a participar.

Com o tempo, aprendi que é mais eficaz ser coerente, do que fazer muitos discursos ou “sermões”. Se os filhos nos vêem fazer esforços para arrumar as coisas, sorrir, ter bom humor, eles fazem-no também.

Como explicar o Advento, um tempo de esperança e de purificação, a filhos jovens que vivem essencialmente no presente ?

O tempo é uma noção de difícil apreensão pelas crianças, mas elas sabem que quanto maior é uma festa, mais ela é preparada com antecedência. Por isso, destapar então um quadrado do calendário, colar uma estrela, acrescentar uma vela ao arranjo, ajudam a «materializar» o tempo que nos separa do Natal.

O Advento é também a abertura das lojas aos Domingos, o tempo dos presentes…

Como toda a gente folheamos os catálogos, lembrando, de vez em quando, que o nosso melhor presente, é Jesus. Pode-se aproveitar este ambiente de festa, sem mergulhar num consumismo desenfreado.

No 1º Domingo do Advento, é a venda de Natal na nossa paróquia. Nesse dia, cada um tem algum dinheiro para fazer as suas compras de Natal. Depois, tentamos pensar noutra coisa: preparar um espectáculo, animar uma missa numa casa de retiros, encontrar uma pessoa só para a convidar no Natal… Decoramos a árvore de Natal todos juntos no último momento, no dia 23 ou no dia 24.

Na época de Natal, cada um põe de lado um dos seus presentes para o oferecer aos necessitados. Não será este costume demasiado duro de viver para os seus filhos ?

Francamente, não creio que seja demasiado duro, porque nós “tropeçamos” em imensos objectos. Isto dito, alguns dão facilmente um lindo boneco de peluche, outros encontram ao fim de um longo tempo de reflexão uma velha bola esburacada para oferecer. Então é preciso discutir um pouco…Uma vez que o objecto foi escolhido e embrulhado, ficam muito felizes.