Carta do Prelado (31 de janeiro de 2017)

Primeira carta de Mons. Fernando Ocáriz aos fiéis do Opus Dei. Nesta breve carta, lembra o que viveu desde o passado 23 de janeiro, agradece as orações pela sua pessoa e recorda D. Javier Echevarría.

Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Compreendereis a emoção com que vos escrevo ao chamar-vos pela primeira vez minhas filhas e filhos. Desde aquela mesma noite de segunda-feira, dia 23 de janeiro, as vossas irmãs e irmãos de Roma começaram a chamar-me Padre. Fizeram-no com uma naturalidade e espontaneidade que me surpreendiam e comoviam. Eu, pelo contrário, demorei quase uma semana para me animar a chamar-lhes filhas e filhos, pois sinto-me confundido, ao mesmo tempo que dou graças por essa fidelidade decidida e simples. Somos todos irmãos em Jesus Cristo, e agora sou Padre dessa multidão que faz parte do Opus Dei em todo o mundo: um imenso número de leigos, homens e mulheres dos sítios mais variados, e muitos sacerdotes, alguns incardinados na prelatura, outros em dioceses muito diversas onde só dependem do respetivo Bispo, mas fazendo também parte desta pequena família, bem unida para servir a Igreja.

Durante estes dias lembrei-me daquelas palavras de S. Paulo aos Coríntios, que salientam como o chamamento de Deus sempre nos antecede, que Ele não se fixa na nossa incapacidade e fraqueza (cfr. 1 Cor 1, 27). Dou graças a Deus pela serenidade que me dá e que não conseguiria explicar se não fosse a vossa oração e proximidade. Peço – e pedi também comigo – à Virgem Santíssima que sempre estejamos todos muito unidos, com a unidade que o Espírito Santo, Amor infinito, nos concede.

A recordação de D. Javier, segundo sucessor de S. Josemaria, é constante. Mas não é um pensamento sobre o passado: pertence à história das misericórdias de Deus, que, de alguma forma, sempre permanecem vivas na Igreja. Recordar D. Javier é voltar imediatamente o olhar para S. Josemaria e para o B. Álvaro. É recordar com profundo agradecimento um homem que deu a sua vida para fazer a Obra como bom filho de dois santos, e que agora nos continua a ajudar do Céu.

Cada geração de cristãos deve redimir e santificar o seu tempo; para tanto, precisa de compreender e de compartilhar os anseios dos homens, seus iguais, a fim de lhes dar a conhecer, com dom de línguas, como corresponder à ação do Espírito Santo, à permanente efusão das riquezas do Coração divino. A nós, cristãos, compete-nos anunciar nestes dias, a este mundo a que pertencemos e em que vivemos, a antiga e sempre nova mensagem do Evangelho.(Cristo que passa, n. 132). Minhas filhas e filhos, cabe-nos a nós, em cada dia, incarnar esse anseio apostólico do nosso Fundador, tornar realidade aquele seu lema: Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam.

Com todo o afeto, abençoa-vos,

o vosso Padre

Fernando

Roma, 31 de janeiro de 2017