Jovens brasileiros rumo a Lisboa (4): Yasmin de Brasília

Apresentamos algumas histórias de jovens brasileiros que participarão da JMJ em Lisboa, agosto de 2023.

O meu nome é Yasmin, moro em Brasília e no ano passado comecei a animar as minhas amigas para irmos à JMJ. No fim, criamos um grupo de 14 pessoas, 9 peregrinas e 5 voluntárias. No início, nem todas iriam como voluntárias, mas Deus tem os seus planos.

Ainda em 2022 começámos a organizar-nos financeiramente e em março a grande maioria já tinha conseguido comprar as passagens. Foi aí que recebemos a notícia de que as passagens de 6 peregrinas (incluindo a minha), não foram emitidas. Dessas, três tinham pago o valor através de em sistema eletrónico (fruto de meses de economia para conseguir uma passagem mais barata) e perdemos tudo...

Eu já tinha vivido outras experiências e gostaria muito que as minhas amigas experimentassem momentos como esses. Foi aí que eu resolvi fazer um esforço para animá-las a não desistir da viagem. Decidimos fazer ovos de Páscoa para vender. Não imaginava o sucesso que seria, mas quando damos os peixes, Deus multiplica. Tivemos tantas encomendas que imaginei que não daria conta de entregar. Além disso, começámos a encontrar produtos em promoção, como leite condensado moça a R$4,99 (não estavam fora de validade). Passámos noites a fazer produção, que no fim foi um sucesso (nunca tínhamos feito ovos em casa para vender). Era impressionante como Deus ia agindo no ordinário para que o milagre acontecesse.

Além dos ovos, fizemos rifas, bazar, vendemos comidas e dindim de pudim no Entre Elas (uma feira de mulheres empreendedoras que acontece uma vez por mês no Sudoeste), fui até animadora de festa infantil. Aos poucos fomo-nos conseguindo organizar.

Mas dentre tantos milagres que foram acontecendo durante esses meses, gostaria de contar dois.

Uma das meninas que perdeu a passagem não conseguiu comprar uma nova, pois estava para terminar o estágio, no qual entrou para juntar o dinheiro para a compra da passagem antiga, e não tinha previsão de emprego para pagar uma nova parcela. Sugeri que fosse como voluntária, pois teria menos gastos. Ela fez a inscrição como voluntária, começou a fazer o curso e disse-me que mesmo que no final ela não fosse, faria de tudo para ir. Participou comigo nas ações para angariar fundos e faltando um mês para a viagem avisou-me que não conseguiria dinheiro suficiente para a viagem, mas que estava feliz por ter dado o máximo.

Foi aí que resolvi bater um papo sério com Deus. Como Ele, sabendo que o evento precisava de voluntários, não a ajudaria a ir? Depois dessa conversa, ganhei coragem e gravei uns áudios para ela fazendo a seguinte proposta: "compra a sua passagem, o máximo que vai acontecer não conseguires um emprego para pagar agora é que o teu nome vai ficar sujo, mas não vais presa". Eu sabia que se ela comprasse a passagem, Deus teria que dar um jeito. Ela topou a loucura e, no final do dia, a passagem que estava R$7.300,00 foi comprada por R$5.700,00, aproximadamente. Deus já tinha começado a mexer os pauzinhos. Bastou apenas um passo dela. Fiz um vídeo no Instagram para pedir ajuda e uma nova rifa de uma cesta portuguesa para arrecadar dinheiro para pelo menos as duas próximas parcelas dela e não parámos de rezar, desde o início. Uma semana antes da viagem ela contou-me, muito feliz, que tinha conseguido um emprego para começar somente quando voltasse e o dinheiro que arrecadamos iria dar para ela pagar o cartão até receber o primeiro salário.

Fiquei muito feliz por saber que, de um jeito ou de outro, depois de muito trabalho, todas as que não tiveram a passagem emitida, conseguiriam ir. Mesmo sabendo que quando voltarmos talvez tenhamos que fazer ainda algumas ações para pagar o resto.

Mas das 14 amigas, uma outra, também voluntária, não conseguiu ir. Ou melhor, achava que não conseguiria ir. No último domingo, 23 de julho, estava a fazer pulseiras para trocar com os peregrinos e recebi uma ligação de uma pessoa que queria contactar essa minha amiga, pois uma instituição queria doar a passagem dela. Foi uma correria, pois o voo mais barato que achámos seria no dia 25. E assim todas as 14 amigas chegaram em Lisboa. Cada uma com a sua história e os seus milagres. Mas Deus, como sempre, fez antes, mais e melhor.

E o que aprendemos de tudo isso? Que Deus conta connosco. Cada um de nós tem uma missão, algo que somente nós podemos fazer, para o qual nascemos, e Ele vai ajudar-nos nesse caminho, dando as ferramentas necessárias e guiando-nos para onde devemos ir (como fez com as peregrinas que se tornaram voluntárias). Precisamos apenas de confiar e lançarmos-nos nesta aventura que se chama vida. E se fizermos tudo com Cristo, por Cristo e em Cristo, será tudo bem animado, cheio de emoções, com alguns riscos, mas Ele dar-nos-á um coração forte, a sua proteção e boas memórias para contar depois.