“O meu pai foi o meu melhor educador”

Foi num dia 16 de junho que o casal Alvira celebrou o seu casamento, há 86 anos. Há poucos meses teve lugar a apresentação de uma biografia de Tomás Alvira na terra onde nasceu, Villanueva de Gállego (Saragoça). Foi também inaugurada uma exposição fotográfica, que reúne fotografias da família e contemporâneos de Tomás Alvira e da sua mulher, Francisca Domínguez

Alfredo Méndiz, María Isabel Alvira, a representante da Câmara Municipal e José Carlos Martín de la Hoz.

Na localidade aragonesa de Villanueva de Gállego (Saragoça) realizou-se no dia 3 de março de 2023 um encontro de um bom grupo de conterrâneos do célebre professor efetivo de Ciências Naturais da Escola Secundária Ramiro de Maeztu de Madrid, Tomás Alvira, com muitas pessoas, familiares e amigos provenientes da vizinha cidade de Saragoça e de outros lugares para assistir à apresentação da biografia documentada.

Antes da celebração deste momento, os habitantes e os vindos de fora visitaram uma exposição fotográfica da cidade de Villlanueva de Gállego que reúne imagens da família e contemporâneos de Tomás Alvira, da sua mulher, Francisca Domínguez Susín, e dos seus oito filhos nessa localidade e noutros lugares, combinadas com outras fotografias mais atuais onde se pode apreciar a grande evolução que Villanueva foi tendo desde o nascimento de Tomás até à atualidade.

Foi muito aplaudida, pelo seu carácter emotivo e pessoal, a intervenção da doutorada em Filosofia María Isabel Alvira, filha do homenageado, que estudou e realizou o seu doutoramento na Sorbona e vive, desde então, em Paris. Com a frase: “O meu pai foi o meu melhor educador”, resumiu a dedicação de Tomás a cada um dos seus filhos e, simultaneamente, aos alunos e pais de família com quem conviveu ao longo da sua extensa carreira docente.

Alfredo Méndiz, autor de “Tomás Alvira, Vida de un educador (1906-1992)”, que trabalha em Roma há muitos anos, tratou extensamente das características da extraordinária personalidade de Tomás Alvira, sem deixar de aludir a um tema tão atual como a conciliação entre trabalho e família e a capacidade de se ligar a pessoas e famílias de todas as classes e condições.

Finalmente, José Carlos Martín de la Hoz, sacerdote, teólogo e historiador, como postulador diocesano das Causas de Canonização de Tomás Alvira e de sua mulher, Francisca Domínguez Susín, explicou brevemente a seriedade e rigor jurídico com que se levou a cabo esta Causa de beatificação e canonização e o estado atual da Causa, já na fase romana. Terminou a sua breve intervenção pedindo aos crentes presentes na sessão que pedissem a Deus, através da intercessão de Tomás e Paquita, todas as suas necessidades espirituais e materiais.

Tanto a cerimónia como a exposição fotográfica foram organizadas e presididas pela Vereação de Cultura da Câmara Municipal da localidade, que aproveitou a ocasião para dar as boas-vindas às pessoas que foram à localidade para essa ocasião e congratulou-se pelo prestígio profissional e categoria pessoal de Tomás como filho de Villanueva e modelo para as novas gerações.


Uns dias antes a Universidade Villanueva e Fomento de Centros de Ensino acolheram a apresentação da biografia de quem foi fundamental para a história de ambas as instituições.

Capa da biografia “Tomás Alvira, Vida de un educador (1906-1992)

O ato foi organizado pela Universidade Villanueva e Fomento de Centros de Ensino, uma vez que a obra é a biografia de alguém que foi protagonista do início de ambas as instituições: fez parte de Fomento de Centros de Ensino desde 1965 até 1976, ano em que fundou a Escola de Professores de Fomento de Centros de Ensino, de que foi diretor até 1986, e que teve a sua continuidade na Universidade Villanueva.

O arcebispo de Madrid, cardeal Carlos Osoro, na sua intervenção, afirmou: “A vida de Tomás é uma vida normal: professor do ensino secundário, marido, pai, católico… mas a sua maneira de viver e de estar na vida não foi normal, porque cristão não era um adjetivo: era um substantivo, e configurou a sua vida e a sua existência”, disse.

Por sua vez, Alfredo Méndiz destacou duas atitudes de Tomás Alvira necessárias e complementares na educação: por um lado, guiar e orientar o aluno; e por outro, compreendê-lo psicologicamente: “Nesta segunda direção é que se leva a cabo a “ourivesaria” educativa, que procura ajudar cada pessoa a crescer (em vontade, em carácter, em ciência, etc.) de acordo com as suas próprias qualidades e predisposições naturais e não segundo um modelo de desenvolvimento standard, igual para todos”.

Por sua vez, María Isabel Alvira, oitava dos nove filhos de Tomás Alvira, falou sobre o que denominou “pedagogia do carinho”: “ele pensava que era aí que estava afinal a chave de tudo: em amar e ensinar a amar”, e aproximou os assistentes da figura do pai através de episódios e experiências.