Uma única família: ser Opus Dei, onde se está (IX) - Ramona e Bruno, de Santa Maria a Vico (Itália)

Ramona e Bruno estão casados há vinte e cinco anos e têm três filhos. Neste testemunho contam o que significa para eles ser do Opus Dei numa pequena cidade da província de Caserta.

«Uma vez convidei uma colega para um retiro mensal que se ia realizar em Nápoles – conta Ramona, que ensina inglês numa escola profissional –. Depois do retiro, ela fez um comentário: agora percebo muitas coisas». Mas de que coisas estava a colega de Ramona a falar?

Santa Maria a Vico, onde vivem Ramona e Bruno, que é diretor administrativo de um instituto de ensino superior, situa-se na Via Ápia, entre Caserta e Benevento, na faixa intermédia entre as planícies e os Apeninos. Os dois são fiéis supranumerários do Opus Dei, e conheceram a Obra quase ao mesmo tempo: Bruno através de um colega da universidade em Nápoles, e Ramona através da irmã do mesmo colega de Bruno.

«Namorávamos há pouco tempo – recorda Bruno –, e ambos começámos a frequentar os meios de formação cristã do Opus Dei, sem contudo nos pressionarmos mutuamente para essa dimensão espiritual: a máxima liberdade».

«O meu percurso de discernimento foi um pouco mais longo do que o do Bruno – sublinha Ramona –. Ele tornou-se supranumerário em 1996, enquanto eu me tornei supranumerária quase vinte anos depois. Mas nunca foi uma competição. Houve sempre uma frase que me acompanhou desde que comecei a ser seguida espiritualmente por um padre: tu estás a fazer a Obra de Deus. Isto sempre me deu uma grande tranquilidade, para além do facto de poder pedir para entrar no Opus Dei ou não. Um dia comecei a sentir no meu coração aquela passagem do Evangelho do jovem rico que se foi embora triste. Eu não queria ir-me embora triste, por isso pedi para entrar no Opus Dei».

Província e fraternidade

«Para os que vivem na província – diz Bruno – criam-se oportunidades maravilhosas de fraternidade: para chegar ao círculo de Avellino partimos juntos de três cidades diferentes. Ajudamo-nos uns aos outros: organizamos atividades de formação, encontramo-nos no final do círculo para uma pizza ou um café. Para mim é bonito viver o espírito da Obra numa realidade em que não há um centro do Opus Dei. Ajuda-nos a compreender que a Obra somos nós, na realidade. Corremos menos perigo de nos sentirmos anónimos ou invadidos».

«Hoje temos um grande desejo – explica Ramona – de partilhar as coisas boas que recebemos com outras famílias. Organizamos serões muito simples que são ocasiões para falar de temas da vida familiar e conjugal, por exemplo, a comunicação no casal ou a intimidade entre marido e mulher. Convidamos casais de amigos e um orador e, no final, terminamos com um jantar para o qual todos contribuem com alguma coisa».

Uma bomba atómica

A escola onde Ramona ensina é muito exigente do ponto de vista profissional: «Para mim, ensinar numa Escola Profissional é muito exigente, e não basta ter apenas um horizonte humano: é preciso também um horizonte sobrenatural. Por isso gosto do facto de a minha vocação consistir essencialmente em ser chamada a fazer bem, com o coração, aquilo que tenho de fazer».

«O Opus Dei foi para mim uma bomba atómica – explica Bruno –: posso encontrar Deus nas coisas de que mais gosto! Ainda me lembro da tarde exata em que fiz esta descoberta. Outra coisa de que gosto muito na Obra é que há muita anarquia: ninguém nos diz o que temos de fazer, porque há um princípio muito bonito de confiança nas nossas capacidades e na nossa liberdade pessoal. Num mundo onde reina a desconfiança, no Opus Dei ensinam-me a confiar nas pessoas».

O regresso dos Lombardos

Como Bruno já referiu, não há centros do Opus Dei nas imediações de Santa Maria a Vico, pelo que os dois se organizaram para viver os meios de formação cristã, cada um de acordo com as suas necessidades. «De quinze em quinze dias vou a Nápoles – diz Ramona – para o círculo. O melhor momento para mim é a viagem que faço com duas outras amigas que vivem perto de Benevento e que também são da Obra: conversamos durante uma hora e meia na ida e uma hora e meia no regresso».

«Um outro sintoma da anarquia do Opus Dei – continua Bruno – é o facto de se espalhar como um incêndio, sem qualquer orientação. E é por isso que todas as semanas tenho o círculo em Avellino. Ao longo dos anos, várias pessoas descobriram a sua vocação para o Opus Dei, cada uma com uma história muito diferente. Assim, há uma dezena de supranumerários entre Ariano Irpino, Avellino, Baiano, Benevento e, claro, Santa Maria a Vico. Reunimo-nos em Avellino, em casa daqueles que, de vez em quando, podem acolher os nossos encontros: como o território de onde todos vimos era antigamente o dos Lombardos, é assim que, ironicamente, nos chamamos uns aos outros».