Vais ficar mesmo a saber quando Deus te chamar

Nina Emmanuel, uma felizarda, conta o seu caminho para a fé, nos tempos da Universidade.

Vais ficar mesmo a saber quando Ele te chamar: foram estas as palavras que me ficaram no ouvido depois de me ter encontrado com o capelão da universidade. Pouco depois de ter entrado na Universidade, o meu pai disse-me que queria que fosse batizada antes de me formar. Eu nunca tinha pensado nisso. Só queria passar quatro anos despreocupados na Universidade Pan-Atlântica, obter o meu diploma e continuar as minhas andanças académicas. Nunca pensara no que Deus tinha guardado para mim.

Cresci numa família unida que me incutiu valores de bondade e de misericórdia. Contudo, não era católica praticante como os meus pais. Ia à Missa cerca de duas vezes por mês, ou quando me apetecia. Por isso, depois daquele encontro fatídico com o capelão, fiquei muito inquieta e a querer mesmo saber como era isso de ser chamado por Deus. Comecei a ir mais vezes à capela para rezar e também a falar mais vezes com o padre. Cada conversa fazia-me desejar outras.

Esse desejo de conhecer Cristo a um nível mais profundo levou-me a investigar um pouco mais sobre a fé Católica. Também me animou o sentido de pertença e o acolhimento dos frequentadores da capela. E assim começou a minha viagem para abraçar a fé, com quilos de aulas de Catecismo. Uma professora de Matemática, a Dra. Akudo, ofereceu-se para me dar essas aulas. No início, não eram muito diferentes das minhas aulas de Teologia (todos os alunos do primeiro ano têm uma cadeira chamada "Introdução à Teologia Cristã"), mas com o passar do tempo, apercebi-me de que estas aulas incluíam outros ensinamentos fundamentais e me davam orientações práticas. Favoreciam uma compreensão pessoal, assim como a integração da fé na minha vida quotidiana. Cheguei ao ponto de questionar, desafiar e compreender certos ensinamentos da Igreja.

No Domingo da Divina Misericórdia deste ano, que foi uma semana antes do meu aniversário, recebi o melhor presente de sempre: fui batizada. Senti-me um pouco estranha, mas, de certa forma, solene e tranquila. Quando as águas do batismo me tocaram na testa, senti uma paz especial, uma paz que nunca tinha sentido antes. As palavras proferidas durante a cerimónia também ressoaram profundamente dentro de mim. Recebi ainda, na mesma cerimónia, o Corpo de Cristo pela primeira vez.

Antes do meu Batismo, sempre ansiei pelo momento em que iria participar nessa intimidade indescritível com Cristo na Eucaristia, mas só podia ficar sentada e ir rezando. Por isso, quando finalmente pude receber a Eucaristia pela primeira vez, foi o acontecimento mais memorável de sempre. Fomos quatro os batizados nesse dia, todos estudantes. Recebemos a Sagrada Eucaristia sob as duas espécies de pão e vinho. Juntei-me à minha família para participarmos no mistério sagrado do Amor e do Sacrifício de Cristo!

Desde o meu Batismo e da Primeira Comunhão, a minha vida transformou-se. Os Sacramentos tornaram-se o alicerce da minha vida espiritual, guiando-me através de desafios e de alegrias. Encontro apoio na oração e os ensinamentos de Jesus inspiram-me a amar incondicionalmente e a servir os outros amavelmente.

A minha caminhada de fé tem sido um testemunho do poder transformador do Amor e da graça de Deus. Abraçar a fé trouxe-me uma alegria profunda, um sentido de propósito e uma confiança inabalável nos planos de Deus para mim. Espero receber o sacramento da Confirmação das mãos do Senhor Arcebispo, em novembro deste ano. Estou entusiasmada por continuar a crescer na minha relação com Deus e por partilhar o amor e a misericórdia que encontrei nesta viagem sagrada.

Estou eternamente grata à minha família, aos meus amigos, ao capelão do colégio, aos meus padrinhos e à comunidade católica da Faculdade, por me terem apoiado com todo o coração nesta viagem. Espero que o meu testemunho inspire outros a procurarem e a abraçarem o seu caminho de fé, com abertura e sinceridade, sabendo que o amor de Deus está sempre presente, para nos conduzir a casa.

O meu nome de batismo é Nina, aquela a quem Deus tem concedido inumeráveis graças e favores.

"Fizeste-nos, Senhor, para Ti, e os nossos corações andam inquietos enquanto não descansarem em Ti"- Santo Agostinho.